Irmão de Mução seria o autor dos crimes de pedofilia, diz Polícia Federal
Reviravolta no caso foi esclarecida em entrevista coletiva, no
Recife.
Radialista deixou sede da PF às 21h e fez exame de corpo de delito no
IML.
Delegados Nilson Antunes e Kilma Caminha, da
PF
(Foto: Roberta Rêgo / G1)
(Foto: Roberta Rêgo / G1)
O irmão do radialista Rodrigo Vieira Emereciano,
mais conhecido como Mução, está sendo apontado pela Polícia Federal (PF) como
responsável pelos crimes de pedofilia pelos quais o humorista havia sido acusado
e preso, na última quinta-feira (28), em Fortaleza. A informação foi repassada
pela PF em coletiva de imprensa, na noite desta sexta-feira (29), no Recife, para
explicar a reviravolta sofrida pela investigação do grupo desbaratado na
operação Dirty Net, deflagrada em 11 estados e no Distrito Federal.
"Ele [Mução] se mostrou surpreso com a investigação e levantou a hipótese de
que poderia ser uma pessoa muito próxima, que tem acesso à casa e às senhas.
Intimamos o irmão, que se apresentou com o advogado. Ele é engenheiro da
computação e tem conhecimento aprofundado de informática. Era responsável pelo
parque tecnológico da empresa, instalava softwares, tinha pleno acesso aos
computadores do irmão e de outras pessoas da empresa", detalha o delegado Nilson
Antunes.
Antunes disse também que a PF identificou o irmão como suspeito pelos crimes
na metade do dia. "Ele [o irmão] se entregou porque a polícia chegou a ele. O
investigado recebeu essa notíca enquanto estava sendo reinterrogado. Ficou muito
emocionado, chegando às lágrimas", lembra.
De acordo com a Polícia Federal, comprovaram-se acessos feitos de várias residências e do escritório de Mução. "Se ele tivesse uma sombra que trabalhasse com ele, morasse com ele e usasse os dados cadastrais dele, poderia ser inocentado. Infelizmente, parece ser o caso. É uma verdadeira tragédia familiar", conta a delegada Kilma Caminha. "O rapaz não sabe por que costuma fazer isso com o irmão, não soube explicar o motivo", completa.
De acordo com a Polícia Federal, comprovaram-se acessos feitos de várias residências e do escritório de Mução. "Se ele tivesse uma sombra que trabalhasse com ele, morasse com ele e usasse os dados cadastrais dele, poderia ser inocentado. Infelizmente, parece ser o caso. É uma verdadeira tragédia familiar", conta a delegada Kilma Caminha. "O rapaz não sabe por que costuma fazer isso com o irmão, não soube explicar o motivo", completa.
Outras contas que não seriam do investigado, mas pertenceriam a outras
pessoas, estão sendo analisadas. "Estamos diligenciando para conseguir outros
dados que confirmem a versão dele [Mução]", afirma o delegado.
Como o inquérito envolve crianças e adolescentes, corre em segredo de
Justiça. O irmão de Mução, que tem 23 anos e cuja ficha criminal não contava com
nenhuma ocorrência ligada a pedofilia, segundo a PF, não foi preso porque não
houve flagrante e porque confessou. O rapaz deve ser indiciado pelo artigo 241B
do Estatuto da Criança e do Adolescente, cujo crime é disponibilizar arquivos
contendo imagens de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes. A pena
prevista é de 4 a 10 anos de reclusão.
Por volta das 20h desta sexta-feira (29), os advogados Valdir Xavier e Bruno
Coelho da Silveira, que representam o radialista, chegaram à sede da PF em
Pernambuco para entregar aos investigadores um mandado expedido pela 13ª vara da
Justiça Federal em Pernambuco, revogando o pedido de prisão que mantinha o
humorista detido. Eles deixaram o local, acompanhados de Mução, por volta das
21h, para fazer os exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal. "Achamos
que seria temerário demais mandar para o presídio uma pessoa sobre a qual paira
uma dúvida sobre sua inocência", disse o delegado Nilson Antunes.
“Deixamos claro desde os primeiros momentos que não houve envolvimento de
Rodrigo e que havia confiança irrestrita na Justiça e nas investigações da
Polícia Federal", assegurou o advogado Valdir Xavier, que acompanha o caso desde
Fortaleza (CE), onde aconteceu a prisão. O outro advogado é pernambucano e está
dando apoio na defesa do radialista. Mução chegou ao Recife por volta das 8h40
desta sexta. Ele depôs durante a manhã, houve um intervalo no horário do almoço
e o depoimento continuou até a noite.