por Cássio Barbosa |
categoria Observatório
E lá se vai 2011! Finalmente chegamos a 2012, com festa, mais promessas e desejos de que seja um ano melhor que 2011. Melhor, ninguém sabe, mas maior, com certeza!O ano de 2012 será um ano bissexto, que é um ano com 366 dias, um dia a mais que os anos comuns. Mas, por que isso acontece?
A motivação é astronômica. Aliás, a construção de calendários é uma das mais antigas atividades astronômicas. Introduzir um dia a mais em determinados anos faz com que o ano terrestre continue compatível com o ano astronômico. É assim.
A Terra completa uma órbita em torno do Sol em 365 dias, 5 horas e 48 minutos aproximadamente, o chamado ano solar. Então, em um ano com 365 dias, a Terra não fecha uma órbita completa, ainda faltam quase 6 horas para isso acontecer. Isso significa que logo no primeiro dia do ano seguinte, em um determinado horário, a Terra estará 6 horas “atrasada” em sua trajetória no espaço em relação ao mesmo evento do ano anterior. A cada quatro anos, esse atraso soma quase um dia.
Como consequência, a cada quatro anos um evento estará um dia defasado deste mesmo evento há quatro anos atrás. Por exemplo, o início das estações: o outono no hemisfério sul seria “comemorado” no dia 21 de março, mas se deixássemos de corrigir esse efeito por, digamos 100 anos, o equinócio astronômico ocorreria somente lá pelo meio de abril!
Essa correção começou a ocorrer já na época de Júlio César no ano 45 a.C., mas era feita de maneira errada. Nessa época, um dia era inserido a cada três anos, em um calendário conhecido como Juliano. Mais tarde, no ano 8 d.C. o imperador César Augusto impôs uma nova correção ao calendário, estabelecendo que a inclusão de um novo dia deveria se fazer a cada quatro anos. Além disso, fevereiro passou a ter 28 dias (tinha 29) e o senado romano trocou o nome do mês de Sextilius para Augustus (que hoje é o mês de agosto) em homenagem ao imperador. Esse mês passou a ter 31 dias (incorporando o dia retirado de fevereiro) e por isso até hoje a alternância entre meses com 30 e 31 dias (excetuando fevereiro) falha com os meses de julho e agosto. Julho em homenagem a Júlio César tem 31 dias então agosto em homenagem a César Augusto não poderia ser mais curto. Este calendário passou a ser chamado de calendário Augustiano e vigorou entre os anos 45 d.C. e 1581.
Entretanto, em 1582 o papa Gregório XIII modificou o calendário Augustiano de modo a ajustar o calendário para conciliar a páscoa cristã com o equinócio de primavera (no hemisfério norte) que ocorre no dia 21 de março. Um estudo encomendado pelo papa mostrou que seria necessário retirar dez dias do ano de 1582 e isso foi feito no mês de outubro. Neste ano, o dia 15 de outubro sucedeu imediatamente o dia 04, isto é, os dez dias entre 04 e 15 de outubro foram suprimidos e não existe nenhum registro histórico com data em algum desses dias. Após essas correções, as regras para se definir um ano bissexto ficaram estabelecidas da seguinte maneira: a cada 4 anos há um ano bissexto, com a inserção de um dia ao final de fevereiro deixando-o com 29 dias; a cada 100 anos o ano não será bissexto, mas a cada 400 anos o ano é bissexto.
Esse novo calendário ficou conhecido como Gregoriano e é adotado por um grande número de países, mas não todos. Os cristãos ortodoxos, por exemplo não efetuaram as correções introduzidas em 1582 e hoje a defasagem entre os calendários é de 14 dias.