sábado, 2 de novembro de 2013

Por Paulo Tarcísio Cavalcanti

 
 
Foto: Arquivo da Família Soares: Luiz de Barros com o Ex-Prefeito Manoel Soares da Câmara
Este 1º de novembro de 2013 marca o 101º aniversário do ex-senador Luiz de Gonzaga Barros – Luiz de Barros.
Ele era natalense, mas seu pai – Pedro Afonso, era são-gonçalense, amigo dos meus avós Alexandre Cavalcanti (paterno) e Lindolfo Lins de Albuquerque (materno). Luiz de Barros era amigo de infância do meu pai, Poti Cavalcanti.
Conheci-o em São Gonçalo, durante a campanha eleitoral de 1962, quando se apresentou candidato a deputado estadual.
Dois anos antes, em 1960, fora candidato a prefeito de Natal enfrentando, numa acirrada disputa, o seu compadre Djalma Maranhão.
Num domingo do período da campanha de 1962, exatamente quando eu acabara de completar 18 anos e ia votar, portanto, pela primeira vez, estava eu na casa do meu pai, em São Gonçalo, quando chega Luiz de Barros.
Depois da apresentação e dos cumprimentos, deixei-o conversando com papai e outros amigos e fui pra fora atraído pelo alto-falante do seu jeep Willys do ano, conduzido por seu motorista de muitos anos, Inácio Lúcio, de quem, também, me tornei amigo e a quem seu Luíz só chamava pelo apelido – “Tabaco”.
Era um sistema de som simples, com uma única boca de som, como se dizia na época. Se não me engano, tinha um toca-disco manual. Mas, nenhum disco.
Logo descobri que Tabaco não sabia ligar o equipamento.
- Botaram aí e não me ensinaram a ligar – contou-me.
Eu conhecera um sistema de som parecido no Seminário de São Pedro, em Natal, onde cursara o antigo ginasial e de onde havia saído há no começo de 1961. Sem muita dificuldade, coloquei o som em funcionamento e saí pelas poucas ruas existentes em São Gonçalo, na época, anunciando a presença de Luiz de Barros na cidade e sua candidatura a deputado estadual.
Dono de propriedades no município, ele tinha sido um dos baluartes da luta travada pela emancipação política são-gonçalense, conquistada, afinal, em 1958, sob a administração do governador Dinarte Mariz.
Foi uma festa. Lá de casa, com papai e os amigos, Luiz de Barros vibrava com o resultado do barulho que eu fazia e a consequente movimentação do povo. Quando voltei pra beber água, ele me chamou:
- Tarcísio, eu preciso que você faça isso pra mim em Natal. E não tem quem faça melhor do que você. Aceita ir?
- Claro, seu Luiz. Pode contar comigo. Irei com o maior prazer.
O resultado foi que passei o resto da campanha na casa de praia de seu Luiz, em Areia Preta, e era o único responsável pelo trabalho de divulgação de sua candidatura. Não houve um comício, pelo menos que me lembre. Era o jipe na rua, praticamente 24 horas por dia, percorrendo cada milímetro de becos, vielas, ruas e praças de Natal, aqui acolá parando num boteco para satisfazer à vontade de Tabaco tomar a sua e oferecer uma rodada aos amigos presentes.
Luiz de Barros era muito querido, tinha muitos amigos, muitos admiradores do seu conceito de homem trabalhador, empreendedor, que venceu na vida à custa do seu trabalho, e se elegeu sem maior dificuldade.
Registro, por dever de justiça, que fui acolhido de forma muito carinhosa por toda família, alicerçando uma amizade que muito me honra. A começar por dona Élia e os filhos do casal – Luciano, Gilson, Eliane e Laís. Não lembro se Célia já era nascida. Me lembro dela a partir da campanha vitoriosa de dona Élia para a Prefeitura de São Gonçalo, se não me engano, em 1968.

Seu Luis faleceu no dia 3 de janeiro de 1994.