domingo, 18 de março de 2012

Entrevistado pelo DN Calado abre o jogo: Vai em busca do apoio de Poti Jr.

Prefeito diz que já conseguiu unir PT e DEM em torno de sua reeleição.

 Allan Darlyson
allandarlyson.rn@dabr.com.br

Edilson Braga
edilsonbraga.rn@dabr.com.br
"As providências do governo são lentas"

Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press
Pré-candidato à reeleição, o prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado (PR), disse, em entrevista a'O Poti/Diário de Natal, que vai buscar o apoio do deputado estadual Poti Júnior (PMDB) à sua candidatura. "Eu acho que o deputado Poti Júnior é uma liderança muito forte. Por isso, nós estamos trabalhando para ter o apoio dele, como também de outras importantes lideranças do município". Além de ter conseguido unir DEM e PT em torno de sua administração e da candidatura a prefeito, Calado externou o desejo de encabeçar um projeto político que una as forças políticas de São Gonçalo do Amarante. "Se a união das forças políticas não resolver os problemas, a divisão é que não resolverá", ponderou. O republicano também comentou a desativação da Coteminas, as ações da prefeitura durante seu mandato, os problemas de mobilidade urbana da Região Metropolitana e a expectativa para a chegada do Aeroporto Internacional no município. Sobre o seu relacionamento com o governo Rosalba Ciarlini, Jaime disse que tem sidobem recebido, mas "as providências do governo são lentas". Confira a entrevista:

Como estão as articulações para sua candidatura à reeleição no município?
Nós temos o apoio de 12 partidos. Estamos convidando todas as forças políticas que queiram o bem de São Gonçalo do Amarante a se juntar a nós. Como já estamos na execução desse plano, temos recebido muitos apoios. Mas, o quadro não está completamente definido em São Gonçalo do Amarante. Diferentes cenários podem ser formados. Estamos bem, com muita humildade, pedindo o apoio de todos e procurando justificar os votos de quem confiou em nós. Queremos unir as forças, porque o município não pode desperdiçar forças. Se a união das forças políticas não resolver os problemas, a divisão é que não resolverá. A presidente Dilma Rousseff (PT), em seu discurso, destacou que a conquista do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi proporcionada pela união política dos representantes do estado. É uma coisa que traz benefícios para todos.

Existe diálogo com o PMDBdo município? Como é sua relação com o deputado estadual Poti Júnior (PMDB), que poderá ser candidato contra o senhor?
Pessoalmente, é uma relação muito boa. Não tenho nenhuma aresta com o deputado Poti Júnior. Agora, nós ainda não nos reunimos nenhuma vez para tratar de aliança para a disputa pela prefeitura. Temos amigos comuns que conversam sobre o assunto. O deputado federal João Maia (presidente estadual do PR) é muito próximo do deputado federal Henrique Eduardo (presidente estadual do PMDB). Na última eleição, devido à aliança do PR com o PMDB, eu votei no ministro Garibaldi Filho (PMDB) para senador. Mas, até hoje ainda não existe uma aliança municipal. Não sentei com o deputado Poti Júnior para tratar especificamente deste assunto. Tenho dito a quem pergunta que vou atrás de um voto de madrugada, embaixo da ponte. Um voto é muito importante. Imagine o apoio de uma liderança tão expressiva como é o deputado Poti Júnior. É do interesse do município a união das forças políticas para levá-lo a progrediro mais rápido possível.

Nas pesquisas de opinião divulgadas até o momento, o deputado Poti Júnior aparece em primeiro na preferência do eleitorado para a sucessão deste ano. O senhor tem medo de enfrentá-lo nas urnas?
Eu tenho pesquisas que dizem o contrário, me mostram em primeiro. Mas não tenho interesse em ficar divulgando. Não tem para quê. Em algumas divulgadas também estou em primeiro lugar. Mas não entrarei nesse mérito. Pesquisa é o retrato de um momento. Eu acho que o deputado Poti Júnior é uma liderança muito forte. Por isso, nós estamos trabalhando para ter o apoio dele, como também de outras importantes lideranças do município.

O Democratas hoje faz parte da sua base de sustentação. Já existe aliança confirmada com a legenda para as eleições deste ano?
Já. Teremos o apoio do partido.

O senhor espera receber o apoio da governadora Rosalba Ciarlini, mesmo tendo votado contra ela em 2010?
O deputado federal João Maia tratou bem dessa aliança do PR com o governo. Como eu já disse, vou atrás de todos. Preciso de todos. Não rejeito um voto, um eleitor. Imagine forças políticas...

São Gonçalo do Amarante tem recebido o devido apoio do governo do estado?
Eu tenho procurado o governo mais para começar os acessos ao Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Não é só para o aeroporto. É para a população, que não agüenta mais tantos engarrafamentos. Os acessos trarão benefício direto à mobilidade urbana no município. A outra coisa é que São Gonçalo do Amarante ganhou, no programa Brasil Profissionalizado, na época que meu irmão Ruy Pereira foi secretário de Educação, a ampliação de duas escolas. A prefeitura cedeu os terrenos ao governo do estado. A gente quer que essas escolas sejam transformadas em Centros de Tecnologia.

Mas como tem sido a receptividade? A governadora tem atendido aos pedidos do senhor?
Ela tem me recebido bem. Mas, as providências têm sido lentas. Não é algo só com São Gonçalo. É com todos os municípios, de forma geral. O excesso de burocracia atrapalha bastante. Os estados, municípios e a União estão completamente engessados. Isso atrapalha o desenvolvimento do país. A governadora nos recebe bem, diz que vai atender, mas as providências são muito lentas. Todas as obras que estou cobrando são estaduais. Não envolvem um centavo da prefeitura. O estado é quem vai executar. Estão lentas.

Como o senhor avalia o primeiro ano do governo Rosalba Ciarlini?
Foi de extrema dificuldade. Todo mundo sabe disso. A própria governadora tem dito. Mas, acho que dá tempo de reverter a situação atual. Até porque, daqui para 2014, teremos as duas coisas que mais marcarão o estado, dos 50 anos para trás e dos 50 anos para a frente, que é o Aeroporto de São Gonçalo e a Copa do Mundo. Graças a Deus, Natal foi incluída. O governo federal tem R$ 34 bilhões para investir nas cidades que receberão a Copa. Não sobra dinheiro para as outras cidades, e São Gonçalo é um dos mais beneficiados com a Copa, que deixará todo um legado. Essas obras de mobilidade urbana são primordiais para o desenvolvimento. E o aeroporto será o aeroporto da Copa. Tudo isso marcou data para essas obras serem realizadas. Se não fosse o evento, não saberíamos nem quando essas obras iriam sair.

O prefeito de Parnamirim, Maurício Marques, reclamou, em entrevista a'O Poti/Diário de Natal, da relação do governo Rosalba Ciarlini com o município. Ele chegou a dizer que seu relacionamento com a governadora é de "bom dia, boa tarde e boa noite". É assim também com São Gonçalo?
Eu fiz um pacto com João Maia de não me meter com a questão política um palmo fora de São Gonçalo. Partidos que se enfrentam em nível estadual, lá me apóiam desde a eleição anterior. Todos participam da minha gestão e contribuem. Trabalho todos os dias para unir essas forças. Eu tenho sido muito bem tratado. Cada município tem sua situação. As providências é que são lentas. Mas não é culpa dela. É um problema da máquina do Estado. Os municípios também são lentos por causa dessa legislação feita para um país que não existe mais. Nossa legislação é arcaica. É preciso acompanhar as mudanças.

Quais os 12 partidos que confirmaram apoio à sua candidatura à reeleição?
PR, PSB, PT, PTC, PCdoB, DEM, PTN, PV... Fico sem saber direito, porqueposso esquecer de citar alguns. Mas, são 12.

Então o senhor une em torno do seu nome PT e DEM...

Desde a última eleição foi assim.

A Coteminas anunciou investimentos em São Gonçalo do Amarante. Mas, em contrapartida, vai deixar muitos trabalhadores desempregados. O que vai ser feito desses trabalhadores?
Essa foi a primeira pergunta feita durante a reunião, ao doutor Josué (Gomes da Silva - presidente da Coteminas). São gerados 1.100 empregos no local. Depois da implantação do projeto, teremos seis mil empregos. Eu questionei sobre a situação dos atuais funcionários. Ele disse que existem duas fábricas e seis processos. Com a desativação das duas atividades mais primitivas, que ele disse que vai desativar primeiro, colocará no lugar uma quantidade de pessoas três vezes mais numerosa, com o pagamento de impostos com valor quatro vezes maior. Uma parte dos trabalhadores será deslocada para a fábrica que eles têm em Macaíba. Outra parte ele está oferecendo para outras indústrias têxteis, por ser um pessoal játreinado e capacitado. Os que restarem dessas duas medidas farão cursos no Senai e Sesc para serem capacitados gratuitamente para uma das atividades que serão implantadas ali. O diretor da Coteminas há 16 anos, João Lima, será o coordenador do novo projeto. Essa preocupação com os empregos foi mencionada por todos que participaram da reunião.

A prefeitura tem algum plano para dar assistência aos desempregados?
Pelo que ele (Josué Gomes da Silva) descreveu, isso não será necessário. Mas, nós lá da Prefeitura, fazemos um cadastro de empregos. Todas as empresas que chegam e pedem incentivos, cobramos a geração de empregos. O critério para reduzir impostos é a geração de empregos para pessoas que moram em São Gonçalo há pelo menos dois anos. A Inframérica (consórcio responsável pela construção do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante) já assumiu esse compromisso. Então, a prefeitura com essa central de empregos, está cadastrando os desempregados no município para encaixá-los nas funções que vão se abrindo. Nós pedimos às empresas que digam quais as especialidades que precisam. Se, por exemplo, a Inframérica pedir 30 pedreiros e nós tivermos apenas 10 cadastrados, encaminhamos os 10 e colocamos mais 20 para serem capacitados pelo Senai e posteriormente ocuparem as vagas.

Com o crescimento do município, pioram os problemas com a mobilidade urbana. Um dos gargalos de São Gonçalo do Amarante é o famoso "gancho", que gera engarrafamentos quilométricos na divisa com Natal. Existe alguma expectativa para resolver esse problema?
O Diário de Natal deu uma matéria com o título "Engancho" que mostrou bem a realidade daquele local. É mesmo um "engancho". Existe um engarrafamento de cerca de 45 minutos no local. Existe um projeto para a construção de um complexo viário, com viaduto. E já começa tarde. Isso está atrapalhando o município, é preciso também colocar quatro passarelas na Avenida Thomas Landim porque tem havido muitos acidentes ali. Entreguei vários ofícios aos Ministros dos Transportes que já visitaram o nosso estado,inclusive ao nosso conterrâneo Alfredo Nascimento. Nos últimos dez anos, houve mais de 30 mortes por atropelamento. Não se justifica ali não ter pelo menos quatro passarelas e um viaduto. As passarelas já estão sendo licitadas. Para o gancho, está sendo preparado pelo Dnit um projeto do viaduto. Já era para existir isso há tempo. O problema viário é grave na Grande Natal toda, porque tivemos poucos investimentos nos últimos 30 anos. Milhares de carros novos começam a rodar todo mês, mas as ruas são as mesmas. Essa Copa foi Deus que mandou, porque os investimentos em mobilidade agora serão possíveis.

É preciso preparar a mobilidade urbana para chegada do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante?
O acesso ao aeroporto vai melhorar bastante a questão da mobilidade, com a "via metropolitana", que começa na Via Costeira, que já está duplicada; passa pela Ponte Newton Navarro, chega na Avenida Moema Tinoco, que vai ter a duplicação até à BR-101, próximo à Ambev. A BR-101 já é duplicada até á entrada de Ceará-Mirim, onde começa a BR-406, que será duplicada seis quilômetros para frente, onde terá um viaduto duplo que dá acesso a São Gonçalo e vai até a frente do aeroporto, onde terá uma grande rótula. De lá, a pista continua dupla ao lado do aeroporto, passa pelo Rio Potengi, segue ao lado de Macaíba e sai na BR-304, que vai para Mossoró. Lá terá um viaduto e ela retorna duplicada até emendar com o prolongamento da Avenida Prudente de Morais. Isso vai melhorar muito o tráfego em Natal, Extremoz, Macaíba, São Gonçalo e Parnamirim. Os transportes de cargas serão feitos por essa "Via Metropolitana". Não precisará entrar nas cidades, gerando transtornos. Essas obras, com exceção da Avenida Moema Tinoco, já estão todas contratadas e licitadas. O governo do estado deverá começar a executar em abril.

Quais os investimentos próprios que a prefeitura de São Gonçalo está fazendo em infraestrutura para acompanhar o crescimento?
São Gonçalo tem demandas antigas e demandas novas. Existe uma comunidade chamada Jacaraú que tem 200 anos enão tem uma pedra de calçamento. Começamos a calçar agora. Com ela, são 19 comunidades sem calçamento. Existem comunidades como o Goladim, que tem calçamento, mas faltam 42 ruas serem calçadas. A prefeitura, sem a ajuda forte do governo federal e do estadual, não tem como responder a essa demanda. Mas nós estamos tentando atender às duas demandas. Na parte legal, já fizemos, com um plano diretor moderno. Temos também a Secretaria do Meio Ambiente. Agora, vamos preparar, junto com a Inframérica e outras instituições, um master plano para os próximos 50 anos, será um crescimento ordenado, harmonioso. Outro ponto é a água. Fizemos um plano de saneamento e um projeto de água. Conseguimos com o governo federal R$ 80 milhões para água para a construção de um sistema de esgotos para a cidade toda. Também temos um plano de pavimentação e drenagem. Existem 300 ruas para serem calçadas. Fui à presidenta para pedir recursos para isso. Com recursos federais, estaduais, municipais e privados, já calçamos mais de 100 ruasnesses três anos. Na gestão anterior, foram calçadas somente cinco ruas. Então, existe uma demanda antiga e uma nova.