GABRIELA GUERREIRO
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
A oposição vai entrar com representação contra a ministra Maria do Rosário
(Direitos Humanos) na Comissão de Ética Pública do governo por ela ter
responsabilizado os oposicionistas pelos boatos sobre o fim do programa Bolsa
Família. Como a Polícia Federal concluiu hoje investigação que aponta
responsabilidade da Caixa Econômica Federal nos boatos que levaram milhares de
pessoas a tentar sacar o benefício, a oposição considera que Rosário deve se
explicar à comissão. MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
"Uma ministra de Estado não pode ter esse comportamento, uma ação político-eleitoreira, querendo transferir a desorganização do governo para a oposição. Ela precisa responder a esse ato", disse o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).
Caiado será responsável pela ação contra Rosário na comissão. O deputado considera que a disputa eleitoral antecipada levou a petista a acusar DEM e PSDB pela disseminação dos boatos, na mesma linha de outros oposicionistas.
"Os petistas não hesitam em fazer média com a inquietação da população. Não hesitaram em fazer factoide político com uma mentira em ano pré-eleitoral", disse o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
O senador afirmou que, desde o início, o governo sabia que falhas técnicas tinham desencadeado os boatos. "Atribuíram à oposição uma coisa que eles sabiam ser falha do sistema deles", completou.
Vice-líder do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) disse que uma "lambança" feita pela Caixa foi efetivamente responsável pelos boatos do fim do programa. "Não era necessário nem nos dizer que não era a oposição porque estava visível que se tratava de uma lambança dentro do próprio governo, na Caixa Econômica Federal. Nós queríamos que as investigações alcançassem outras instâncias, mas isso não avançou."
A Polícia Federal finalizou o inquérito que investigou a onda de boatos sobre o Bolsa Família, após quase dois meses de trabalho, mas não identificou nenhum indício de crime. Por isso, nenhuma pessoa foi indiciada ou responsabilizada.
A conclusão contraria o discurso oficial do governo federal explicitado logo após a onda de boatos, no sentido de que haveria uma ação orquestrada para difundir o boato sobre o fim do programa.
A PF concluiu que houve uma decisão de gestão da Caixa Econômica Federal, que antecipou parte dos pagamentos sem aviso prévio para os beneficiários. O inquérito constatou um aumento no volume de saques em Ipu (CE) e Cajazeiras (PB), cidade onde teve a primeira notícia do pagamento no Facebook. Também não foi identificado o uso de empresas contratadas ou rádios comunitárias. Cerca de 200 pessoas foram ouvidas.
Segundo o relatório final, foi um conjunto de "fatores desassociados" que levou à onda de boatos, que teriam sido espontâneos, sem intenção de causar qualquer dano ao governo. Por isso a PF afirma que não houve crime ou contravenção.